Bang! Na velocidade de um disparo se vão 30 anos desde que comprei o meu primeiro exemplar da revista Magnum. Eu tinha 16 anos e tomava um gelado em uma sorveteria na Cidade Ocian, litoral de São Paulo, onde vi outro garoto com a revista em mãos. Embora fosse um menino absolutamente tímido, não pensei duas vezes em perguntar onde ele tinha arrumado aquela maravilha. “-Na banca de jornal”, respondeu com certo entusiasmo. Corri para lá e lá estava! No Editorial, uma carta fi ctícia de um pai para um fi lho que, em um futuro não muito distante, explicava que havia deixado uma Arma de Fogo para ele, escondida, proibida; e que ele deveria manter segredo absoluto sobre o fato. Naquele momento eu me dava conta que havia no mundo pessoas dispostas a proibir aquilo que para mim era uma paixão. Centelha acesa que, com o passar dos anos, só cresceu.
E se passaram 30 anos! E aquele jovenzinho tímido está aqui agora escrevendo, orgulhosamente, mais um editorial desta Revista. Vi muita coisa acontecer. Vi meu pai comprar pastas masculinas que vinham com coldre de fábrica - tamanha era a naturalidade do porte de armas. Vi meu pai esquecer seu INA .32 Long em cima no teto do carro e ser avisado por um policial rodoviário no caminho para São Paulo. Não, ele não foi nem parado por isso. Vi gente comprando munição, pólvora, espoleta e chumbo em lojas de ferragens em Minas Gerais. Vi-me parado pelo Garra, da Polícia Civil de São Paulo, com a minha arma e apenas o registro, sem o porte - e tudo que levei foi uma bronca e o conselho de procurar a delegacia para requisitar a autorização. Vi minha pasta se abrir no Metrô, 50 cartuchos de .38 se espalharem pelo chão do vagão e ninguém sair correndo, muito pelo contrário, ajudaram-me na captura das “fugitivas”.
Mas também vi o porte ser transformado em crime por Fernando Henrique Cardoso. Vi as primeiras discussões para a proibição total, tal qual naquele editorial de tantos anos atrás. Vi a demonização das armas como se tivessem vida própria e poderes sobrenaturais hipnóticos capazes de transformar o mais pacato cidadão em um frio assassino. Vi velhinhos sitiantes de 80, 90 anos sendo presos por conta de uma espingarda calibre 28 com registro vencido.... Triste. E vi a aprovação do fracassado Estatuto do Desarmamento enfi ado goela abaixo de todos nós e comemorei a nossa vitória no referendo de 2005!
E vi as pessoas acreditando cada vez menos na intromissão do Estado, na imposição do desarmamento e deixando de acreditar que isso era uma solução para criminalidade e violência. Vi mais de 400 pessoas no lançamento do livro Mentiram Para Mim Sobre o Desarmamento; em sua maioria jovens com menos de 25 anos. Vi plateias cheias, ávidas e vívidas na busca de informações reais sobre armas. Vi entrevistas, debates acachapantes, vi a Internet ser tomada por aqueles que lutam pelo direito de Defesa. Vi enquetes, transmitidas ao vivo, cujos resultados deixaram jornalistas de boca aberta. Vi o congresso sair de 8 deputados favoráveis às armas, para, hoje, quase 200! Eu vi deputados e senadores serem aclamados por proporem projetos de revogação da lei atual.
Hoje eu vejo um futuro próximo promissor, olho com o otimismo de quem já viu muita coisa boa, muita coisa ruim - mas nunca fechou os olhos para nada disso e, claro, a Revista MAGNUM estava aqui sobre minha mesa todos esses anos. Parabéns e vida longa!