O Governo Federal anunciou, de maneira orgulhosa, investimentos de aproximadamente 1,17 bilhão de reais em equipamentos e capacitação das Forças de Segurança para a realização da Copa do Mundo de Futebol, sediada neste ano no Brasil. Inegavelmente, a medida surtiu efeitos. Relatos de torcedores descrevem os momentos de calmaria percebidos antes, durante e depois das partidas, com parcas exceções. Em especial os estrangeiros, que não ousaram sair dos locais turísticos, ficaram impressionados com o grande número de Policiais e a total sensação de segurança.
A bonança demonstrada durante os jogos contrasta com os números letais do Mapa da Violência, estudo respeitado e apoiado pelo próprio Ministério da Justiça. O compêndio explicita, de maneira definitiva, que o Brasil é um país com números de guerra civil!
Com 1,09 milhão de homicídios entre 1980 e 2010, e média de 26,2 por 100 mil habitantes, o Brasil tem uma taxa anual de mortes violentas superior à de diversos conflitos armados internacionais, como o da Chechênia (25 mil), entre 1994 e 1996; e da guerra civil de Angola (1975-2002), com 20,3 mil mortos ao ano. Dos crimes do Brasil, apenas 8% foram solucionados e míseros 2% acabaram em punição aos assassinos. Logo mais, em 2016, teremos o maior evento esportivo do mundo ocorrendo em terras brasileiras e é de se esperar que o espetáculo da segurança pública com prazo de validade se repita, bem como o uso político do mesmo. Se há algo para se comemorar é que poderemos ver bem de pertinho nossos Atletas do Tiro, verdadeiros heróis no quesito tenacidade. Perseguidos por políticos, desprezados pela imprensa, preteridos por outros esportes e até mesmo por Organizações que deveriam por obrigação representar, defender e fomentar as atividades esportivas.
Durante a Copa, a seleção alemã massacrou a brasileira em um jogo de futebol. Massacrou, claro, não no sentido literal do vernáculo - uma vez que todos os jogadores sobreviveram e continuarão com suas vidas, quiçá levantando novamente a faixa em favor do desarmamento enquanto andam em carros blindados, são protegidos por Seguranças armados ou se beneficiando da real segurança de países onde atuam. No jogo da vida - da sua, da minha, da nossa vida real - a violência continua. A taxa de mortos chegou a 29 por 100 mil habitantes em 2012. Na Alemanha, é de 0,9. Mata-se no Brasil 32 vezes mais. O padrão de qualidade FIFA não evitou um massacre figurado em gramado e não evitará o massacre anual fora dele.