Por mais de uma geração, buscamos em MAGNUM identifi car as qualidades que levam pessoas a confi ar em notícias. Nosso trabalho conclui que -- praticamente uma regra -- pessoas querem que o jornalismo produza notícias equilibradas, precisas e acima de tudo justas.
Essa concepção de confi abilidade tem fórmula aviada antes do advento internet e, assim nos parece, os envolvidos não se deram conta das maneiras pelas quais os consumidores de notícias de hoje em dia encontram suas desejadas e “quentes” notícias nem de como os editores dessas notícias as devem ou deveriam fornecer.
Na era www, novos fatores, como a intromissão de anúncios, a condição de navegabilidade, o tempo de carregamento de telas, junto a outros detalhes (ou subterfúgios...), também são entes críticos para determinar se os consumidores da notícia a consideram competente e, portanto, digna de confi ança.
Pode até não ser claro o que os tais fatores, tão amplos fatores -- equilíbrio, precisão e justiça --, exatamente signifi quem para a grande mídia. Ou como as grandes organizações, por trás das grandes notícias, os podem tentar alcançar. Lembrando que esses fatores, que levam as pessoas a confi ar, também dependem do caráter da fonte e variam, bastante, de acordo com o tema.
Vício. Sim, vício, lua, estro... ou qualquer outro sinônimo de cio. A grande mídia fi ca alvoroçada quando a notícia envolve revólver, espingarda, carabina ou qualquer arma de fogo. Se dois moleques entrassem num estabelecimento de ensino infanto-juvenil, prontos para o terror, carregando “apenas” tubinhos de ácido sulfúrico, dinamite, seringas infectadas e spray de veneno, haveria luto à grande mídia, que (aos prantos) fi caria doida e doída para encontrar uma arma de fogo com os dois. Uminha que fosse.
Suzano deu para cada um de nós um recado público. Recado dúplice. De um lado, o público recado de que uma parte da moçadinha está sem perspectivas e seu poderoso criativo, ou grande porção do seu poderoso criativo, se volta mais facilmente do que outrora a planejar e operar espetáculos com terrivelmente mórbidos desfechos. Talvez por falta de destinos construtivos à disposição, em oferta direta. De outro lado, o igualmente público recado de que o sensacionalismo vigente seja, de longe, de longe, DE LONGE... muito mais i mportante para a grande mídia do que a própria tragédia.
A turbulência da tragédia passa em poucos dias. Mas o desejo sensacionalista insiste, persiste e quer festar, festejar, aplaudir, bater tambor para louco dançar... mantendo em carne viva, sob fúnebre e sádica raspagem diária, a ferida dos familiares das vítimas. Sob gana por negócios. Sob uma pobreza de espírito atroz.
Havia machado, havia balestra, havia coquetel molotov, havia o escambau (...). Mas tão enorme, tão COLOSSAL era o tal do revólver calibre .38 presente na ação criminosa que -- meu Deus (!) -- pouco relevo se deu a todo o imenso resto. Houve canalha dizendo de momento violento favorecido pelos dizeres agressivos e “agressiva postura do recém-empossado Presidente da República”.
Houve canalha dizendo sobre a “facilitação à aquisição de armas de fogo pelo atual regime político”. Houve canalha dizendo de cada absurdo... de cada absurdo... que não vale a pena a permanência neste aqui.
Por favor, próximo assunto !